sábado, 7 de dezembro de 2013

Os 15 personagens inesquecíveis das novelas

As telenovelas fazem parte, há mais de 50 anos, da rotina diária do brasileiro. Integram o horário nobre das principais emissoras de televisão do Brasil e são fundamentais para entender parte da nossa cultura. Milhões de famílias grudam na telinha para assistir histórias de amor, traição e aventuras, além de divertidas comédias. Mesmo sem o respaldo da chamada "alta cultura", algumas novelas se destacaram por apresentar um enredo de qualidade, atores de primeira linha e personagens clássicos que cativaram uma geração de noveleiros. Conheça, ou relembre, algumas das mais inesquecíveis figuras surgidas na telinha brasileira nas últimas cinco décadas.

Beto Rockfeller

Até meados da década de 60, as novelas brasileiras não passavam de dramalhões inspirados em produções mexicanas. Até que, em 1968, a TV Tupi revolucionou o formato com uma novela moderna: “Beto Rockfeller”, de Bráulio Pedroso. O personagem-título, interpretado por Luiz Gustavo, é um jovem da chamada “classe média-baixa” paulistana. Para subir na vida, ele se passa por um ricaço, entra no mundo dos grã-finos e até namora uma moça bem nascida. A partir de então, ele usa toda a sua malandragem para não ser desmascarado. A novela marcou época e revelou Luiz Gustavo como ator versátil. O elenco de primeira (Marília Pera, Plínio Marcos, Jofre Soares) também ajudou no fortalecimento do personagem.

João Coragem

Outro marco da teledramaturgia brasileira, a novela “Irmãos Coragem” (1970-1971) foi o primeiro grande sucesso da Rede Globo. A história mostra a vida de João Coragem, um garimpeiro de uma pequena vila no interior de Goiás. Um dia, ele encontra um gigantesco diamante, que pode deixá-lo muito rico. Mas a joia é roubada e ele terá de enfrentar os poderosos da cidade para tê-lo de volta. Interpretado por Tarcísio Meira, o personagem se destacou pela bravura e lealdade, se transformando no arquétipo do mocinho das novelas. O conturbado relacionamento do herói com a jovem Maria de Lara (Glória Menezes), vítima de distúrbios de comportamento, também chamou a atenção nesta novela de Janete Clair.

Shazan e Xerife

A atrapalhada dupla de mecânicos Shazan e Xerife é um caso clássico de coadjuvantes que roubam a cena. Interpretados, respectivamente, por Paulo José e Flávio Migliaccio, eles protagonizavam as cenas cômicas da novela “O Primeiro Amor”, escrita por Walter Negrão e exibida na Globo em 1972. A dupla e sua curiosa camicleta (mistura de caminhão com bicicleta) criavam muita confusão na cidade de Nova Esperança e ganharam a simpatia dos telespectadores, ofuscando os personagens principais. O sucesso foi tanto que a Globo criou uma série para ambos: “Shazan, Xerife e Companhia”, exibida entre 72 e 74. Em 1998, fizeram uma rápida aparição na novela “Era uma Vez”, também escrita por Walter Negrão.

Odorico Paraguaçu

Baseada em uma peça de Dias Gomes, a novela “O Bem Amado” fez história por ser a primeira transmitida em cores na TV brasileira. Mas não só por isso. Apresentada em 1973, trouxe personagens inesquecíveis, como Odorico Paraguaçu, o prefeito da pacata cidade de Sucupira. Corrupto e manipulador, Odorico usa de todas as suas artimanhas para se manter no poder. Sua principal meta era inaugurar o novo cemitério e, principalmente, encontrar alguém que pudesse "inaugurá-lo". O grande problema é que ninguém morria na cidade. O ator Paulo Gracindo deu o toque que faltava para transformar Odorico no personagem folclórico que deveria ser e retratar os governantes do Brasil na época.

Zeca Diabo

Zeca Diabo é outro grande personagem da novela “O Bem Amado” e um dos principais interpretados pelo grande ator Lima Duarte. Trata-se de um matador de aluguel que se regenera e larga a profissão. Entretanto, ele é contratado pelo prefeito Odorico Paraguaçu para matar algum morador de Sucupira, permitindo, assim, que o cemitério fosse finalmente inaugurado. A partir daí, começam os conflitos entre os dois grandes personagens. Zeca Diabo, aos poucos, ganha relevante espaço na produção e torna o enredo da novela ainda mais pitoresco. Lima Duarte, com seu estilo especial de interpretação, transformou o matador em uma figura folclórica.

Sinhozinho Malta

Outro imortal personagem interpretado por Lima Duarte, coronel Sinhozinho Malta era um poderoso fazendeiro da cidade de Asa Branca e o vilão da novela “Roque Santeiro”, também escrita por Dias Gomes. O coronel demonstrava sua autoridade sacudindo seu relógio de ouro e pronunciando, com ênfase, o bordão “Tô certo ou tô errado?”. Sinhozinho preparava-se para casar com Porcina (Regina Duarte), viúva de Roque Santeiro, mas o casamento vai por água abaixo após descobrirem que o defunto na verdade está vivo. Carregada de críticas sociais, a novela deveria ganhar as telas em 1975, mas acabou censurada. Retornou dez anos depois, com novos atores. O carisma de Lima Duarte fez com que continuasse interpretando Sinhozinho Malta.

Charlô e Otávio

Dois primos, que tiveram um complicado relacionamento na adolescência, se envolvem em uma disputada briga pela herança do tio. Um dia, ambos decidem fazer uma aposta para ver quem fica com tudo. Esse é o mote da novela “Guerra dos Sexos”, escrita por Sílvio de Abreu e exibida entre 1983 e 1984. Os primos Charlô e Otávio foram interpretados, respectivamente, por dois mitos da dramaturgia brasileira: Fernanda Montenegro e Paulo Autran. A cena em que os dois atiram comida um no outro durante uma discussão, na mesa de jantar, é uma das mais emblemáticas da história das telenovelas brasileiras.

Odete Roitman

Grande sucesso ao ser exibida entre 1988 e 1989, “Vale Tudo” foi escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères e trazia dirigentes corruptos, empresários inescrupulosos, caçadora de heranças e canalhas de todo tipo. Mas nenhum personagem se destacou tanto quanto Odete Roitman, uma mulher fria e calculista que fazia qualquer coisa para atingir seus objetivos. Interpretada por Beatriz Segall, Odete gerou tanto ódio ao redor de si que foi assassinada, mas o elevado número de suspeitos tornou o caso um grande mistério. A pergunta “Quem matou Odete Roitman?” se tornou um enredo à parte, alavancou o já estrondoso sucesso da novela e se estendeu até o último capítulo.

Sassá Mutema

Sassá Mutema, mais um personagem inesquecível interpretado por Lima Duarte, era um caipira simplório na novela “O Salvador da Pátria", escrita por Lauro César Muniz e exibida na Globo em 1989. O personagem era um agricultor, sem nenhuma instrução, que é convencido a assumir a autoria de dois assassinatos que não cometeu. O objetivo é salvar os verdadeiros mandantes dos crimes. Ele vai preso mas, curiosamente, passa a ser celebrado pela população da pequena cidade por sua coragem. A partir de então, tudo muda na sua vida: o boia-fria analfabeto e que conversava com os animais se torna um político poderoso na cidade.

Ravengar

O autor Cassiano Gabus Mendes criou o Reino de Avilã como uma paródia do Brasil. Corrupto e assolado pela pobreza, esse país fictício era o palco da novela “Que Rei Sou Eu?”, exibida pela Globo em 1989. Embora uma rainha ocupasse o trono, quem realmente governava era o grupo de conselheiros e o temível bruxo Ravengar. Com suas frases de efeitos, suas feitiçarias baratas e seus intrincados jogos políticos para manter o poder, o personagem ganhou força na trama, graças à interpretação, um tanto canastrona, mas eficiente, de Antonio Abujamra. Mais de 20 anos após o fim da novela, o ato ainda é reconhecido pelo velho personagem.

Tonho da Lua

Várias novelas da Rede Globo ganharam remakes por causa do seu sucesso. Mas raramente a segunda versão recebe os mesmos elogios da produção original. A exceção é “Mulheres de Areia”, escrita por Ivani Ribeiro. A novela foi exibida na Globo entre 1973 e 1974 e refilmada em 1993. Nas duas versões, o destaque era o personagem Tonho da Lua, um jovem simplório e com uma ligeira debilidade mental, que se destaca por esculpir belíssimas esculturas na areia. Nos anos 70, o personagem foi primorosamente interpretado por Gianfrancesco Guarnieri. Nos anos 90, a função coube a Marcos Frota, que não decepcionou.

Juma Marruá

Este é mais um caso de personagem coadjuvante que suplanta os personagens principais. Juma Marruá foi interpretada por Cristiana Oliveira na novela “Pantanal”, escrita por Benedito Ruy Barbosa e exibida pela extinta Rede Manchete em 1990. A personagem era uma jovem criada de forma selvagem no Pantanal brasileiro. Um enorme folclore foi criado em torno de Juma que, segundo os moradores da região, se transformava em uma onça pintada. Arisca, ela se envolve com o filho de um fazendeiro da região, parte para a cidade grande, mas não consegue se adaptar à selva de pedra, retornando para seu amado pantanal.

José Inocêncio

Benedito Ruy Barbosa criou mais uma novela de tremendo sucesso, agora na Globo. “Renascer”, de 1993, mostra o jovem José Inocêncio, que se transforma em um poderoso fazendeiro. O personagem chamava a atenção pelas inúmeras lendas que lhe cercavam. Uma delas dizia que inimigos arrancaram toda sua pele, mas que um mascate libanês o salvou, "costurando-o". José ainda teria uma garrafinha com um diabinho dentro, que satisfazia todos os desejos. O povo, crédulo, dizia que ele varava as noites voando em um bode preto, que urinava sobre suas roças de cacau. O personagem quando jovem foi interpretado por Leonardo Vieira. Já maduro, por Antonio Fagundes.

Tião Galinha

Este é outro personagem da novela “Renascer”, de Gilberto Braga, que marcou época. Simplório sertanejo que passou a maior parte da vida caçando caranguejos no mangue, Tião (Osmar Prado) resolve mudar de vida e parte a caminhar em busca de oportunidades, até que se estabelece em uma fazenda de cacau. Ali, ouve falar das incríveis histórias de José Inocêncio e decide: também quer um diabinho em uma garrafa para ficar rico. Tião passa a viver em um mundo de fantasia, alheio às intrigas que ocorrem ao seu redor. Chega a passar dias com uma galinha embaixo do braço, o que lhe valeu o apelido.

Carminha

Há muitos anos a telenovela brasileira não apresentava uma vilã tão cruel e, ao mesmo tempo, tão carismática. Interpretada por Adriana Esteves, a personagem fez de tudo: aplicou golpe no primeiro marido, abandonou criança em aterro sanitário, ameaçou todos os que apareceram pelo caminho, forjou o próprio sequestro e até levou seu amante para morar com ela e o novo marido. Carminha causou sensação e atraiu o ódio de todo o Brasil na novela “Avenida Brasil”, exibida pela Globo em 2012. A redenção no final da história, ao salvar a heroína Nina (Débora Falabella), só a tornou ainda mais intrigante.


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