quinta-feira, 28 de agosto de 2014

5 séries que salvamos da Mid-Season 2014

A Mid-Season não é conhecida como uma época do ano em que os canais americanos estreiam grandes produções. Normalmente, os primeiros meses do ano é conhecido por ser um período em que séries que não ficaram prontas a tempo da fall season são desovadas ou então algum programa feito apenas para tapar buraco de programação.

Porém, nem tudo é lixo extremo, e por isso nos juntamos para dar 5 dicas de boas séries que você pode aproveitar o hiato e fazer uma rápida maratona. Foram levadas em conta apenas séries que estrearam entre janeiro e abril de 2014 e que foram renovas para novas temporadas.

PS – Fargo não fez a lista por se tratar de uma minissérie. Sim, sabemos que existe a possibilidade de a FX mudar de ideia e encomendar novos episódios, mas por enquanto ela ainda é uma minissérie. De qualquer forma não deixe de conferir Fargo, é facilmente uma das melhores coisas que a televisão nos apresentou esse ano.

5. About a Boy
Um livro e um filme que também viraram uma série. Assim é a escalada de About a Boy, uma das comédias que fazem parte da seleta lista de produções da safra 2013/2014 que podemos e devemos acompanhar. Inicialmente, houve a dúvida: será que ainda há o que explorar na relação entre Marcus e Will? E a resposta veio rapidamente. Sim, havia muito que trabalhar com esses dois personagens e a série foi extremamente feliz ao fazer um piloto que “resume” seus formatos antecessores, mas traz o frescor da relação bem passivo-agressiva entre os atores Benjamin Stockham e David Walton.

Os dois tem excelente química em cena, timing de comédia e encaram as mais bizarras situações de um jeito especial. O resultado é uma comédia familiar leve, cheia de momentos de ternura e diversão, que acontecem a cada cena da dupla principal ou dos pontuais coadjuvantes. About a Boy é uma série muito bem sucedida quando o assunto é seu roteiro e a entrega dos atores a seus personagens.

Deliciosa de assistir, feita para fazer sorrir e deixar a alma mais leve, pode ser considerada a fofurinha do ano. É impossível resistir à doce relação que se forma entre o homem que não quer deixar de ser menino e do menino que não vê a hora de se tronar um homem. De preferência um homem que possa comer toda a costelinha ao molho barbecue que existe no mundo.

4. Looking
Uma série criada por gays e para gays que não têm se sentido representados nas telas. Apesar de bastante abrangente, essa é uma das melhores definições possíveis para um show como Looking, aposta da HBO que inovou o estilo das séries para esse nicho de espectadores, um grupo que estava órfão desde o fim de Queer As Folk (Showtime). Ainda assim, é impossível dizer que Looking não seja capaz de atingir um público mais amplo, muito pelo contrário.

Imagine sentar-se com um grande amigo (gay), perguntar como foi a semana e ir ouvindo os relatos que ele tem a dizer. Looking é isso. Não é uma série de ficção científica ou fantasia. Não é uma comédia enlatada. Não é um novelão. Por isso, quem espera arcos mirabolantes, plot twists viajados, momentos pastelão ou paternidades ocultas acaba caindo do cavalo. Mas, para quem está em busca de uma série que retrata fielmente o estilo de vida gay em San Francisco, o poder de cativar de Looking é absoluto.

Estrelada por Jonathan Groff (Glee, Frozen, The Normal Heart), que interpreta um protagonista feito sob medida para representar o “gay médio” na atual sociedade, Looking é um retrato da rotina dos gays na sociedade moderna, uma geração LGBT que colhe os louros das conquistas das anteriores e que agora luta para não ser engolida pela própria expectativa de conduta gerada pela recente aquisição desses direitos. A série nos guia por uma jornada de personagens que, ao mesmo tempo em que buscam a compreensão do lugar em que se encaixam nesse novo mundo, enfrentam uma batalha de autoconhecimento e de combate aos próprios preconceitos. Tudo com direito a alguma dose de drogas e de supervalorização do sexo, sim (porque essas são características comuns no mundo gay, doa a quem doer). Mas, acima de tudo, com o claríssimo dever de ser uma série que, mais do que render dinheiro à sua emissora, é capaz de usar personagens de fácil identificação para nortear seus espectadores e fazê-los acreditar que, sim, continua havendo pessoas que enfrentam os mesmos problemas e obstáculos que você – que está assistindo – e, quem sabe, dar ao seu público a confiança necessária para superar as adversidades de uma geração de gays que ainda precisa lutar muito, mas mais do que nunca concilia sua causa com a árdua missão de lidar com uma vida marcada pelo caminho parcialmente construído para a igualdade que tanto almejava.

3. The 100
Se você procura uma distopia futurista do Aldous Huxley, não vai encontrar. Mas se o caso é assistir uma série cheia de twists, personagens interessantes e leve retórica política e social, assista The 100. Imagine uma mistura de Lost com Battlestar Galactica: a série não é bem isso, porque seria elogiar demais com muita antecedência, mas se consegue perceber logo nos primeiros episódios que alguns de seus propósitos lembram essas duas grandes séries. The 100 trata de enviar cem detentos para a Terra, que estava desabitada por muitos anos, devido a uma guerra nuclear. Essas cem pessoas tem o dever de verificar se o planeta é habitável novamente, e aí entra a parte da série que tanto lembra Lost: o fator sobrevivência.

Os personagens da série são constantemente postos à prova, visto que nunca antes em suas vidas tinham colocado os pés na Terra. Nasceram em uma nave espacial, e aprenderam muito na teoria, mas nada na prática. E isso torna The 100 uma série extremamente excitante, pois a todo momento existem novos riscos e ameaças cercando os cem (na verdade, uns dez, o resto é figurante). A guerra nuclear que “inutilizou” a Terra ainda transformou muito a natureza e a maneira como ela funciona, e isso acaba trazendo um ar sobrenatural e misterioso para a série, tornando o espectador um desconhecedor tão grande desse lugar quanto os próprios personagens.

A parte da série que lembra levemente Battlestar Galactica também trata de sobrevivência, mas em um nível mais político e social: o envio dos cem à Terra foi uma medida drástica, já que a nave que é casa do que restou da população mundial está prestes a parar de funcionar. Seria a extinção da raça humana. Nessa parte que se passa no espaço a direção é bastante admirável, os sets são muito legais, as CGIs são bem feitos e existem uns lens flares que o JJ Abrams ia amar. O arco mostra o alto escalão da nave, tentando de todas as formas proteger os outros moradores comuns, que sequer sonham com todos os problemas que estão por vir, e aí entram questões éticas e morais: quem deve morrer e quem deve ser salvo? Manipulações e tramoias fazem parte da vida dessas pessoas, que precisaram aprender a viver de forma diferente, se adaptando às consequências dos atos de nós mesmos.

2. Penny Dreadful
Desde o momento que surgiram os primeiros detalhes de Penny Dreadful, ficou claro que estávamos diante de uma aposta gigante. Uma série de terror psicossexual não é mais novidade (Hannibal, American Horror Story, Hemlock Grove e Bates Motel estão aí para confirmar), só que a Showtime queria que a série do gênero para chamar de sua fosse à altura do prestigioso canal. Uma série com Sam Mendes e John Logan por trás, estrelada por Eva Green e com piloto dirigido por Juan Antonio Bayona prometia uma repercussão tremenda. Se fosse boa, seria uma das joias da coroa da Showtime. Se fosse ruim, seria o mico do ano. E a série se mostrou mais do que uma joia: é a coroa inteira. O roteiro de Logan faz uma costura excelente entre a literatura fantástica e a Londres vitoriana, de modo que consegue agradar aos fãs mais dedicados dos livros-base e ao público que pouco conhece as histórias originais.

Com personagens históricos como Drácula, Frankenstein e seu(s) monstro(s), Dorian Gray e Abraham Van Helsing inseridos na trama de forma verossímil e agradável, Penny Dreadful é uma série focada no marginal, no submundo. É na penumbra que vivem os monstros, e nesses monstros se incluem os temíveis seres humanos. A inveja, o ódio, o rancor e o recalque estão presentes em todos os cantos da capital inglesa, e, de mãos dadas com o erotismo, tornam o submundo mais apavorante e fascinante.

E, além do ótimo roteiro e da incrível ambientação, o elenco é excelente. Contudo, todos os outros atores são superados pela genial Eva Green, que domina cada segundo em tela. A facilidade da atriz em transitar entre a alegria, o mistério e a possessão é absurda, sobre-humana. Talvez seja cedo para dizer que Penny Dreadful vai entrar para a história das séries do gênero, mas já é óbvio que Eva se junta a Jessica Lange e Vera Farmiga no panteão feminino do terror. Emmy para Penny Dreadful? Espero que sim. Emmy para Eva Green? POR FAVOR.

1. True Detectiv
O ano nem tinha começado direito, mas a HBO já estreava um clássico instantâneo e um novo nome começava a chamar atenção mundo afora: Nic Pizzolatto. O já premiado escritor de contos e novelas só tinha uma pequena participação no mundo televisivo, ao escrever os dois primeiros episódios de The Killing – foi sua criação True Detective que o fez ascender ao estrelato.
Integralmente escrita por Pizzolatto, a primeira temporada do show conta a história dos detetives Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Martin Hart (Woody Harrelson) na resolução de um peculiar caso de assassinato ocorrido em 1995 em uma pequena cidade do sul da Louisiana. Complexo, bizarro e chocante, o assassinato gerou consequências até os dias atuais, que desafiam a competência e a sanidade dos protagonistas.

Aparentemente, este é um enredo mundano de séries policiais. Mas True Detective não é uma série policial qualquer. Não é aquela série em que a investigação dura vinte minutos e dezoito exames de DNA são feitos de uma vez só. Sem pressa, vamos conhecendo o distinto modo de pensar dos detetives, a política frustrante do Departamento de Polícia, as diligências e investigações perpetradas e, fora do trabalho, a vida pessoal de Rust e Martin. E é aí que a série acerta: o excelente texto de Pizzolatto dá grande profundidade aos personagens e flerta com nossa definição de “good cop/bad cop”, além de trazer diversas discussões existenciais e filosóficas (inúmeras são as referências ao clássico O Rei de Amarelo). Ao lançar mão de uma narrativa que alterna entre presente e passado, somente aos poucos se vai descobrindo o que realmente aconteceu, deixando vários dilemas morais para o espectador mastigar entre um episódio e outro.

E como era de se esperar de uma série da HBO, a produção é impecável. A direção de Cary Joji Fukunaga acerta ao utilizar a aridez das locações da Louisiana para criar um clima de solidão e angústia quebrado por momentos de tensão impactantes (tem um plano-sequência no quarto episódio, que meus amigos!). A fotografia, o figurino e a maquiagem são igualmente embasbacantes, marcando muito bem a passagem do tempo. Por fim, a atuação inspirada de McConaughey e Harrelson (além de excelente elenco de apoio) fecham o rol de acertos da série.

Merecidamente, a produção recebeu ampla aclamação do público e da crítica: foi a série estreante mais vista da história da HBO e começa a abocanhar os primeiros prêmios – a atuação de McConaughey já rendeu um Critics’ Choice Television Awards de melhor ator em drama. Então, se você ainda não viu, faça seu dever de casa e assista à primeira temporada. Como a série é pensada no formato de antologia, todas as pontas são amarradas ao final dos oito episódios. Satisfação garantida.

Menção honrosa:

Helix
Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que o principal (e um dos únicos) ponto negativo de Helix, foi contar com Ronald D. Moore nos créditos. Apesar de arrebanhar uma legião de fãs de Battlestar Galactica para o piloto, as comparações entre elas foram inevitavelmente cruéis e boa parte deste público não deu sequência na melhor nova série Sci-Fi desta temporada.

Outra premissa, que advinha dos teasers, pôsteres e promos, rezava que a série iria explorar um ambiente infectado por um vírus mortal e que todos personagens teriam que se unir para enfrentar zumbis nos corredores de um complexo, situado no deserto gelado do Ártico. Ainda bem que essa foi somente a ponta do iceberg (com o perdão do trocadilho) e Helix abriu um leque gigantesco de mistérios envolvendo uma corporação dominada por imortais, planos para erradicação da humanidade e reviravoltas surpreendentes em profusão. O cliffhanger da season finale fez com que Helix entrasse na meu TOP 5 das séries mais aguardadas para o ano que vem.

Se tudo isso não bastasse para te convencer a assistir a série, encerro esta menção honrosa, dizendo que o  seu grande trunfo é não se levar à sério em nenhum momento, seja pela Trilha Sonora deliciosamente bizarra, pelas atuações caricatas e canastronas dos personagens ou pelas sequências de efeitos especiais “vintage”, Helix já nasceu CULT e merece ser apreciada sem nenhum compromisso com a lógica ou verossimilhança.

Fonte: 1


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