terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Astros que usaram o Oscar para fazerem protestos

O clima deverá ser de tensão quando o comediante Chris Rock subir ao palco do Teatro Dolby de Los Angeles para a abertura da 88ª edição da cerimônia de entrega dos Oscar. Após o anúncio dos artistas indicados nas categorias de atores e atrizes não demorou para surgirem críticas em relação ao fato de nenhum negro estar presente nas categorias de atuação. Foi iniciada uma campanha de boicote à premiação. Vale a pena esperar para ver quais serão as consequências, se algum vencedor ou apresentador fará algum tipo de manifestação.

Não seria a primeira vez. Confira alguns astros que usaram o Oscar para fazerem protestos:
A atriz Jada Pinkett-Smith e seu marido, Will Smith (Foto: Getty Images)
O ano de 2015 é o segundo seguido sem a presença de negros entre os indicados às categorias de Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante. Os atores Will Smith e Jada Pinkett Smith e o diretor Spike Lee ficaram consternados com o ocorrido e deram início a uma campanha de boicote à premiação. Outros famosos deverão se unir à causa. Ao mesmo tempo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reagiu, convidando celebridades negras para a entrega dos prêmios. Seja como for, o clima estará tenso no dia 28 de fevereiro. É quase certo que protestos ocorrerão.
O diretor Michael Moore (Foto: Getty Images)
Em 2003 o cineasta Michel Moore venceu o Oscar de Melhor Documentário pelo impressionante ‘Tiros em Columbine’. Opositor ferrenho do governo Bush, Moore subiu ao palco já com um discurso imenso preparado contra o presidente dos Estados Unidos na época. Em sua fala, Moore questionou as eleições presidenciais norte-americanas de 2000, quando Bush foi eleito após uma polêmica recontagem de votos, e a Guerra do Iraque, iniciada três dias antes da premiação. “Vivemos em uma época na qual eleições fictícias elegem presidentes fictícios. Vivemos em uma época que um homem pode nos enviar a uma guerra por razões fictícias. Somos contra essa guerra, Sr. Bush. Vergonhoso, Sr. Bush, vergonhoso”, afirmou enquanto a planteia se dividia entre aplausos e vaias.
O ator Tim Robbins e a atriz Susan Sarandon (Foto: Getty Images)
Na época casados, os atores Tim Robbins e Susan Sarandon abandonaram o roteiros da apresentação quando foram apresentar o Oscar de Melhor Edição de 1993. Os dois se posicionaram contra um campo de concentração administrado pelo governo norte-americano em Cuba onde eram mantidos 250 haitianos soropositivos. “Gostaríamos de chamar atenção para os 250 haitianos sendo mantidos em quarentena em Cuba. Qual o crime deles? Terem testado positivo para HIV”.
O ator Richard Gere (Foto: Getty Images)
Também em 1993 houve um pronunciamento do ator Richard Gere. Ao apresentar o Oscar de Melhor Direção de Arte, ele utilizou o microfone para se direcionar para o presidente chinês na época, Den Xiaoping: “Eu fico imaginando se Deng Xiaoping está nos assistindo nesse momento, com seus filhos e netos, e tendo consciência que há uma horrendo ataque aos direitos-humanos ocorrendo na China, contra chineses e tibetanos. Imagine se pudesse acontecer uma milagre agora e mandar toda forma de amor, verdade e sanidade para Deng Xiaoping, para que ele remova suas tropas do Tibet e as pessoas possam voltar a ser livres e independentes”.
O ator Marlon Brando (Foto: Getty Images)
O ator Marlon Brando foi o vencedor do Oscar de Melhor Ator por seu trabalho impecável em ‘O Poderoso Chefão’ (1972). Como protesto contra a representação caricata de índios norte-americanos na ficção, ele mandou a presidente da Comitê Nacional de Proteção da Imagem dos Nativo-Americanos, Sacheen Littlefeather, para receber a estatueta em seu lugar. O ator deu um discurso de 15 páginas para sua representante, lido posteriormente na coletiva de imprensa da cerimônia. Ao receber o troféu, ela improvisou: “Estou aqui no lugar de Brando para falar sobre a forma como índios norte-americanos são mostrados na televisão e nos filmes. Nossos corações e entendimentos vão se encontrar com amor e generosidade”. Em seguida, a Academia proibiu o envio de representantes para receber no lugar dos vencedores.
O ator Sean Penn (Foto: Getty Images)
Em 2009 o ator Sean Penn recebeu o Oscar de Melhor Ator por seu trabalho em ‘Milk: A Voz da Igualdade’. Na época, estava em julgamento no estado da Califórnia a chamada ‘Proposition 8’, lei que tornava ilegal o casamento homossexual. Penn não deixou o fato passar batido: “Para aqueles que viram manifestações de ódio nos últimos dias, acho que é um bom período para aqueles que votaram a favor do banimento do casamento gay sentarem, refletirem e constatarem a enorme vergonha nos olhos de seus netos caso essa lei seja aprovada. Precisamos de direitos iguais para todos”.
A atriz Vanessa Redgrave (Foto: Getty Images)
A atriz Vanessa Redgrave chegou à cerimônia do Oscar de 1978 sendo alvo de várias críticas. Além de defensora da causa palestina, ela havia acabado de narrar um documentário sobre a história da Palestina. Ao subir no palco para receber o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por seu trabalho em ‘Júlia’, o qual interpreta uma heroína anti-nazista, ela não deixou passar barato e rebateu seus críticos: “São sionistas radicais cujos comportamentos são uma vergonha a judeus de todo o mundo que lutaram contra o fascismo e a opressão. Eu celebro hoje todos aqueles que resistiram à caça às bruxas do presidente Nixon e do senador McCarthy. E também deixo registrado que continuarei a lutar contra o anti-semitismo e o fascismo”.
A atriz Patricia Arquette (Foto: Getty Images)
A atriz Patricia Arquette fez coro a uma das lutas mais atuais na indústria do entretenimento ao defender igualdade salarial entre atrizes e atores. Vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2015, ela disse: “Para toda mulher que teve um filho, para todos que pagam impostos, para todos os cidadãos da nação, temos que lutar por direitos iguais para todos. Está na hora das mulheres dos Estados Unidos da América terem os mesmos salários e direitos”. Ela foi aplaudida de pé por Meryl Streep e Jennifer Lopez.
O pôster do filme 'Corações e Mentes' (1974) (Foto: Reprodução)
Após ganhar o Oscar de Melhor Documentário por ‘Corações e Mentes’ em 1974, o produtor Bert Schneider falou sobre o tema do seu documentário, a Guerra do Vietnã. Ele leu uma breve carta do embaixador do Vietnã do Norte, Dinh Ba Thi, que naquele instante estava em Paris na delegação que negociaria o fim do combate: “Por favor transmita para todos os seus amigos na América o reconhecimento do que eles fizeram em prol da paz. Essas ações legitimaram o interesse real dos povos dos Estados Unidos e do Vietnã. Saudações de amizade para toda a população da América”.
Os cantores Common e John Legend (Foto: Getty Images)
‘Selma: Uma Luta Pela Igualdade’ conta a história da marcha do pastor e ativista político Marthin Luther King Jr. no estado de Alabama em 1965. O longa venceu o Oscar de Melhor Canção Original. Ao subirem ao palco para receberem a estatueta, os músicos John Legend e Common foram enfáticos em seus discursos: “Escrevemos essa canção para um filme inspirado em eventos de 50 anos atrás, mas temos certeza que Selma é hoje, pois a luta por justiça ainda é hoje”, afirmou Legend. “As causas pelas quais eles lutaram naquela época ainda estão sendo lutadas. A luta por liberdade e justiça é real. Vivemos no país com maior número de presidiários no mundo. Há mais homens negros presos hoje do que escravos em 1850. Quando as pessoas marcham com a nossa música, queremos que elas se lembrem que estamos com elas, elas estão sendo vistas e amadas. Marchamos juntos com elas”.
O diretor Charles Fergunson (Foto: Getty Images)
Em 2011 o diretor Charles Ferguson ganhou o Oscar de Melhor Documentário pelo longa ‘Inside Job’, sobre os vários elementos que levaram à crise econômica de 2008. Já com o troféu na mão, ele lembrou que os responsáveis pela crise ainda estavam impunes: “Peço desculpas, mas devo começar lembrando que três anos após essa tragédia financeira causada por fraude, nenhum executivo foi para a cadeia e isso é errado”.

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