Não seria a primeira vez. Confira alguns astros que usaram o Oscar para fazerem protestos:
O ano de 2015 é o segundo seguido sem a presença de negros entre os
indicados às categorias de Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Ator
Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante. Os atores Will Smith e Jada Pinkett Smith
e o diretor Spike Lee ficaram consternados com o ocorrido e deram
início a uma campanha de boicote à premiação. Outros famosos deverão se
unir à causa. Ao mesmo tempo, a Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas reagiu, convidando celebridades negras para a entrega
dos prêmios. Seja como for, o clima estará tenso no dia 28 de fevereiro.
É quase certo que protestos ocorrerão.
Em 2003 o cineasta Michel Moore venceu o Oscar de
Melhor Documentário pelo impressionante ‘Tiros em Columbine’. Opositor
ferrenho do governo Bush, Moore subiu ao palco já com um discurso imenso
preparado contra o presidente dos Estados Unidos na época. Em sua fala,
Moore questionou as eleições presidenciais norte-americanas de 2000,
quando Bush foi eleito após uma polêmica recontagem de votos, e a Guerra
do Iraque, iniciada três dias antes da premiação. “Vivemos em uma época
na qual eleições fictícias elegem presidentes fictícios. Vivemos em uma
época que um homem pode nos enviar a uma guerra por razões fictícias.
Somos contra essa guerra, Sr. Bush. Vergonhoso, Sr. Bush, vergonhoso”,
afirmou enquanto a planteia se dividia entre aplausos e vaias.
Na época casados, os atores Tim Robbins e Susan Sarandon
abandonaram o roteiros da apresentação quando foram apresentar o Oscar
de Melhor Edição de 1993. Os dois se posicionaram contra um campo de
concentração administrado pelo governo norte-americano em Cuba onde eram
mantidos 250 haitianos soropositivos. “Gostaríamos de chamar atenção
para os 250 haitianos sendo mantidos em quarentena em Cuba. Qual o crime
deles? Terem testado positivo para HIV”.
Também em 1993 houve um pronunciamento do ator Richard Gere.
Ao apresentar o Oscar de Melhor Direção de Arte, ele utilizou o
microfone para se direcionar para o presidente chinês na época, Den
Xiaoping: “Eu fico imaginando se Deng Xiaoping está nos assistindo nesse
momento, com seus filhos e netos, e tendo consciência que há uma
horrendo ataque aos direitos-humanos ocorrendo na China, contra chineses
e tibetanos. Imagine se pudesse acontecer uma milagre agora e mandar
toda forma de amor, verdade e sanidade para Deng Xiaoping, para que ele
remova suas tropas do Tibet e as pessoas possam voltar a ser livres e
independentes”.
O ator Marlon Brando foi o vencedor do Oscar de Melhor
Ator por seu trabalho impecável em ‘O Poderoso Chefão’ (1972). Como
protesto contra a representação caricata de índios norte-americanos na
ficção, ele mandou a presidente da Comitê Nacional de Proteção da Imagem
dos Nativo-Americanos, Sacheen Littlefeather, para receber a estatueta
em seu lugar. O ator deu um discurso de 15 páginas para sua
representante, lido posteriormente na coletiva de imprensa da cerimônia.
Ao receber o troféu, ela improvisou: “Estou aqui no lugar de Brando
para falar sobre a forma como índios norte-americanos são mostrados na
televisão e nos filmes. Nossos corações e entendimentos vão se encontrar
com amor e generosidade”. Em seguida, a Academia proibiu o envio de
representantes para receber no lugar dos vencedores.
Em 2009 o ator Sean Penn recebeu o Oscar de Melhor
Ator por seu trabalho em ‘Milk: A Voz da Igualdade’. Na época, estava em
julgamento no estado da Califórnia a chamada ‘Proposition 8’, lei que
tornava ilegal o casamento homossexual. Penn não deixou o fato passar
batido: “Para aqueles que viram manifestações de ódio nos últimos dias,
acho que é um bom período para aqueles que votaram a favor do banimento
do casamento gay sentarem, refletirem e constatarem a enorme vergonha
nos olhos de seus netos caso essa lei seja aprovada. Precisamos de
direitos iguais para todos”.
A atriz Vanessa Redgrave chegou à cerimônia do Oscar
de 1978 sendo alvo de várias críticas. Além de defensora da causa
palestina, ela havia acabado de narrar um documentário sobre a história
da Palestina. Ao subir no palco para receber o Oscar de Melhor Atriz
Coadjuvante por seu trabalho em ‘Júlia’, o qual interpreta uma heroína
anti-nazista, ela não deixou passar barato e rebateu seus críticos: “São
sionistas radicais cujos comportamentos são uma vergonha a judeus de
todo o mundo que lutaram contra o fascismo e a opressão. Eu celebro hoje
todos aqueles que resistiram à caça às bruxas do presidente Nixon e do
senador McCarthy. E também deixo registrado que continuarei a lutar
contra o anti-semitismo e o fascismo”.
A atriz Patricia Arquette fez coro a uma das lutas
mais atuais na indústria do entretenimento ao defender igualdade
salarial entre atrizes e atores. Vencedora do Oscar de Melhor Atriz
Coadjuvante em 2015, ela disse: “Para toda mulher que teve um filho,
para todos que pagam impostos, para todos os cidadãos da nação, temos
que lutar por direitos iguais para todos. Está na hora das mulheres dos
Estados Unidos da América terem os mesmos salários e direitos”. Ela foi
aplaudida de pé por Meryl Streep e Jennifer Lopez.
Após ganhar o Oscar de Melhor Documentário por ‘Corações e Mentes’ em 1974, o produtor Bert Schneider falou
sobre o tema do seu documentário, a Guerra do Vietnã. Ele leu uma breve
carta do embaixador do Vietnã do Norte, Dinh Ba Thi, que naquele
instante estava em Paris na delegação que negociaria o fim do combate:
“Por favor transmita para todos os seus amigos na América o
reconhecimento do que eles fizeram em prol da paz. Essas ações
legitimaram o interesse real dos povos dos Estados Unidos e do Vietnã.
Saudações de amizade para toda a população da América”.
‘Selma: Uma Luta Pela Igualdade’ conta a história da marcha do pastor e
ativista político Marthin Luther King Jr. no estado de Alabama em 1965.
O longa venceu o Oscar de Melhor Canção Original. Ao subirem ao palco
para receberem a estatueta, os músicos John Legend e Common
foram enfáticos em seus discursos: “Escrevemos essa canção para um
filme inspirado em eventos de 50 anos atrás, mas temos certeza que Selma
é hoje, pois a luta por justiça ainda é hoje”, afirmou Legend. “As
causas pelas quais eles lutaram naquela época ainda estão sendo lutadas.
A luta por liberdade e justiça é real. Vivemos no país com maior número
de presidiários no mundo. Há mais homens negros presos hoje do que
escravos em 1850. Quando as pessoas marcham com a nossa música, queremos
que elas se lembrem que estamos com elas, elas estão sendo vistas e
amadas. Marchamos juntos com elas”.
Em 2011 o diretor Charles Ferguson ganhou o Oscar de
Melhor Documentário pelo longa ‘Inside Job’, sobre os vários elementos
que levaram à crise econômica de 2008. Já com o troféu na mão, ele
lembrou que os responsáveis pela crise ainda estavam impunes: “Peço
desculpas, mas devo começar lembrando que três anos após essa tragédia
financeira causada por fraude, nenhum executivo foi para a cadeia e isso
é errado”.
Fonte: 1
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